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6 de jul. de 2011

“A repercussão de nossas dores”


Sempre surgimos com essa ideia de “pensei já ter visto tudo”, depois de vermos algo novo, provavelmente impressionante, ou absurdo. É, eu sou mais um nessa “estatística”, se é que se pode considerar assim.

Moradores de Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba, estavam cansados de tanto assalto em um dos bairros da cidade e resolveram deixar uma mensagem aos assaltantes: “Senhores assaltantes, mudem de bairro. Aqui todos já foram assaltados”, diz o outdoor.

O mais bizarro é a generosidade da população, ou dos responsáveis pela frase. “Mudem de bairro”. É claro que eles parecem desesperados, mas e o que as pessoas dos outros bairros têm a ver com isso? Ora, puseram a primeira ideia que veio a cabeça sem se importar com a consequência da mesma?

É essa cultura de se importar “somente” com nós mesmos que nos destrói lentamente.
Girando para outro lado, nos esbarramos na rotina pacata de sempre e sempre cobrar do poder público, e raramente obter resultado, quando obtido, longe de nossas necessidades ou expectativas.

A frase deixada no outdoor realmente não é lá nada amigável, mas é uma consequência criada depois do grito silencioso de quem precisa de ajuda e não consegue ser visto e ajudado. Uma realidade bem mais longa do que se imagina.

Ainda há muita coisa a ser mudada em nosso país, inclusive a imune sensação de impunidade. Não se pode ter “leis” se os que a criam são inclinados ao erro; não se pode ter liberdade, se os que a querem vivem cercados de grades pintadas pelo medo e insegurança; não se poder ser feliz, se tudo a nossa volta está em lágrimas.

Crônica: Antonielson Sousa
Postado também no blog PULOU FORA



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